DOGUE ALEMÃO – UM GIGANTE EM SUA COMPANHIA

HAYKA – (no pedigree Athena da Morada dos Nobres) aos 10 meses, com 63 kg. Adestramento em Obediência e Guarda.

Uma homenagem a Hayka, Hanya, Eros e Heitor. Cães maravilhosos que fizeram parte da minha vida.

Eles chegam pequeninos às nossas casas. São extremamente graciosos. Alguns parecem carregar um sangue nobre, e cruzam as patas com o pescoço erguido. Chegam a dormir com a cabeça levantada. E vão crescendo. Começamos então a descobrir que tudo que projetamos é pequeno. No primeiro mês só a cabeça cresce. Depois são as pernas traseiras, ou as dianteiras. Então esticam o tronco. E a cada dia nosso jardim parece se tornar incapaz de receber a presença desses amigos.Tudo é surpreendente. Apesar de ser trabalhoso, o prazer de tê-los por perto faz a tarefa ser gratificante.  

Num dia indeterminado, sem hora e sem aviso, ouvimos o primeiro galope no fundo de casa. A partir de então, descobrimos o que é ter um cão gigante em casa. Nada fica fora do seu alcance, e nem fora de seu olhar. Alegres e brincalhões, vez por outra arrancam o reboco dos cantos das paredes externas da casa. Mas somos incapazes de corrigi-los. Se os deixamos viver dentro de casa, temos que nos preparar para perder o sofá de três lugares, pois um companheiro gigante vai passar a assistir televisão ao seu lado.

Quando chega a época do adestramento, é possível perceber que além de gigantes em tamanho, são gigantes no coração também. Lembro-me em 1993, quando tive que chamar a atenção da Hayka. Ela virou-se de costas e colocou as patas sobre os olhos, demonstrando claramente seu sentimento de vergonha. Se nos olham em silêncio, estão nos aguardando. E seus olhos são um convite irrecusável para o afago. Quando latem querem nos convidar para mastigar uma bola. Mas seu latido pode significar o anúncio de uma visita ou de um desconhecido no portão.

Extremamente obedientes e carinhosos, a sua marca registrada é o cuidado com os da casa. Sejam crianças ou idosos, eles passam com seu corpanzil esgueirando-se entre as pessoas, com todo cuidado. É claro que em um ou outro abraço, se nos pegam desprevenidos, levam-nos ao chão com toda a facilidade. E uma vez no chão, o perigo é iminente. Estamos prestes a receber lambidas e mordiscadas carinhosas de um gigante de quase dois metros de altura.

E se você pretende ter um Dogue Alemão, aceite um fato. Você vai levar, e com frequência, várias rabadas. A única parte do corpo que o Dogue Alemão não sabe possuir, com certeza é o rabo. E saiba que a cauda dessa criatura é pesada. Não machuca mas dói.

Mas o tempo passa, e eles tão rápido quanto crescem, acabam envelhecendo. A energia de outrora, agora é substituída por cochilos a luz do dia. Durante a noite roncam tão alto e de tal forma, que acabam nos provocando gargalhadas noturnas.

Quando os pelos brancos começam a superar os escuros, descobrimos que temos um gigante idoso em casa. Em alguns casos, o abalo da saúde exige maiores cuidados. Em outros casos, seu grande coração para de bater em um segundo, e perdemos um gigante amigo.

 

Hayka se foi assim ainda em 2001. A lembrança que ela deixou foi de tal forma marcante, que não tivemos mais como adotar outra raça de cão. Assim, chegavam a minha casa Hanya e Heitor. Passamos a testemunhar então o crescimento destas duas criaturas maravilhosas.  Não levou mais de seis meses, para receber outro presente. Ganhamos do canil o terceiro irmão da ninhada. Chegava Eros em nossa casa.

Heitor, um Merle. Não servia para pista pela cor, mas sua postura e fidalguia, somadas a um gênio carinhoso e brincalhão, faziam dele um querido gigante. Eros, um Arlequim que chegou depois, era com certeza um dos mais belos cães que já vi. Seu jeito mais reservado, dava conta de que ele tinha traços de chefe de matilha. E Hanya, menor do que os dois irmão gigantes, era questionadora, brincalhona, atenta e carinhosa.

E ter um Dogue Alemão não deixa de ser uma festa, uma comemoração. É lógico que qualquer boa festa dá um grande trabalho. Eles não são diferentes. Dentre as artes dos grandalhões, lembro do dia em que uma amiga havia estacionado o carro no quintal da minha casa. Na hora de ir embora, testemunhamos uma insólita cena. Eros e Heitor estavam com o pára-choque do carro da ex-amiga na boca. Haviam arrancado e peça para brincar.  O pára-choque nem custou tão caro. A cena valia bem mais. E amizade, se fosse sincera, teria suportado tão insignificante bobagem.

Eros certa vez saiu correndo com o saco de ração na cabeça, e sem poder enxergar, chocou-se de pronto contra a parede. Se lhes deixamos algo ao alcance, na ausência de uma pessoa, é certo que os dentes se encarregam de esculpir a destruição do controle remoto do som, de um vaso ou de qualquer outra coisa. Evite que um Dogue Alemão fique sem uma pessoa por perto. As pessoas são sua diversão predileta.

Heitor era campeão no quesito bobagem. Mais de uma vez, na alegria de me ver chegar em casa, disparava em desabalada carreira rumo ao carro. O piso de lajotas  da garagem, encarregava-se de lhe tirar a lona dos freios. Na porta do meu carro, um incontável número de amassados era prova do carinho do fiel amigo. O mais interessante, é que depois da trombada, ele apenas chacoalhava a cabeça e se punha a abanar a cauda.  Outra vez, correndo em minha direção, resolveu cortar caminho pelo meio da piscina. E garanto. Erguer um gigante para fora da água não é tarefa fácil. Mas ele aprendeu os contornos da realidade. Sua última arte foi querer convidar um pitbul para uma brincadeira. Em seu focinho, descobriu que nem só de Dogue Alemão se faz a cachorrada. Alguns pontos e o fidalgo estava pronto para novas aventuras.

Cada um deles, ao seu tempo, fez de suas bobagens uma crônica de humor em minha vida. E para se ter um cão tão grande em significado, é prudente também desenvolver grande paciência.

Com o passar do tempo, percebemos que Heitor e Eros, pelo tamanho que estavam atingindo, não cabiam mais no canil. Seria uma judiação mantê-los em tão pequeno espaço. Foi aí que uma amiga ofereceu sua chácara para receber os grandalhões. Triste pela separação, mas entendendo o quanto seria melhor para eles, levei-os até a chácara.

Voltei para casa e tentei extrair de Hanya o conforto pela ausência dos gigantes. Parece que ela também sentiu. Enquanto estávamos tristes, percebemos que Hanya então nos adotava em lugar de seus irmãos.  Tal qual foi com Hayka, também com Hanya foi uma história maravilhosa. De pelagem Boston, ou Mantada, não demorou muito para surgirem os pelos brancos. Mas quanto mais velha ela ficava, parecia ficar mais companheira, e ocupava um lugar todo seu na família. Chefe da segurança da casa, seu porte e latido afastaram entusiastas da propriedade alheia.

Sobre a guarda da casa, importante lembrar de Hayka, que certa vez imobilizou um invasor sem ter de usar os dentes. Com seus quase sessenta kg de músculo e boca, manteve o rapaz encurralado e com as calças molhadas. Eros e Heitor também tiveram seu momento de polícia, e uma vez prenderam na chácara um visitante indesejado num trabalho de equipe. Para imobilizar o  incauto, apenas deitaram sobre ele até que a polícia chegasse para lhe conduzir aos seus justos aposentos.

Hanya não teve tal trabalho. Seu tamanho como argumento, e seu estrondoso latido como advertência, foram suficientes para manter afastados os inoportunos. Teve ela então a tranquilidade de apenas ser nossa nobre companhia. E tal companhia nos foi muito grata.

 

Há três meses, Eros faleceu.

Hanya, lamentavelmente, pela idade passou a ter sérios problemas, até que um câncer rápido e fulminante tirou-lhe a vida. Ontem, dia 14 de março de 2011,  aos nove anos de idade, Hanya faleceu. Ao dar a triste notícia para um amigo que também gosta de cães, apenas disse a ele que a partir dali, ficaria mais difícil entrar no Céu, pois a amiga havia sido transferida para os Portões do Paraíso.

E fica a lição. Ao se ter o Dogue Alemão, devemos nos preparar para o grande. Devemos saber que grande passará a ter um novo significado. Teremos que ter um grande coração, como o deles, para aguentar a saudade que deixam. Ao se dispor a ter um amigo desses, é importante também, ter uma grande memória para guardar os grandes momentos que eles nos proporcionam. Grandes companheiros deixam grandes lacunas.  

Quanto a esta raça maravilhosa de cães só nos resta uma certeza.

Somente o paraíso tem espaço suficiente para receber esses gigantes de nossa história. E somente grandes corações poderão viver com as lembranças maravilhosas e a saudade que amarga a sua falta.

Enfim, Dogue Alemão, são todos espetaculares, maravilhosos e incríveis. Uns mais, outros mais ainda.

DADOS SOBRE A RAÇA

DOGUE ALEMÃO

O dogue alemão, também conhecido como dinamarquês, grand danois ou como grande ou gigante dinamarquês é uma raça canina que pertence à categoria dos molossóides, tendo sido criado para a caça ao javali. Hoje em dia é comumente criado para a guarda e a companhia.

Aparência e caráter

O dogue alemão é a raça de cães mais alta do mundo, alguns consideram o irish wolfhound (ou galgo irlandês) o maior, mas segundo o Guinness World Records que indica como maior cão do mundo um dogue alemão que mede 109 cm de altura até à cernelha chamado “Giant” George, o dogue alemão é o mais alto ou pelo menos a raça com os mais altos exemplares do mundo.

Tem um aspecto imponente, majestoso e elegante, o que dá à sua aparência um aspecto nobre. Seu temperamento é amigável. É um cão que esbanja amor e afeto com seus donos, especialmente com crianças,quando se relaciona com elas pode facilmente esquecer-se do seu tamanho e derrubar uma mesmo sem intenção, mostrando-se, contudo, reservado com estranhos. Se ele é submetido a condições de perigo, mostra-se corajoso e não teme ataques podendo magoar seriamen-te uma pessoa se essa se mostrar ameaçadora.

É um cão que, fisicamente, cresce rápido. Aos oito meses de idade já possui uma altura próxima da definitiva, porém, dependendo da linhagem, sua musculatura e ossatura só estarão completamente formadas com dois ou três anos de idade.

Cores

Dogues azuis

As cores do dogue alemão formam três grupos, chamados de variedades, e os cruzamentos só podem ocorrer dentro de cada variedade. São elas:

  • Dourado e tigrado
  • Azuis e pretos de azul
  • Arlequins e pretos de arlequim

Dourado: cor castanho dourado-claro ao castanho dourado-escuro, podendo ter ou não o focinho (máscara) preto, sendo esta uma característica desejável.

Tigrado: cor de fundo indo do castanho dourado-claro ao castanho dourado-escuro, com faixas pretas bem definidas. Também pode ter a máscara negra.

Azul: cor azul-aço, sem qualquer sinal de outra cor. Podem ter os olhos mais claros e é o tipo de pelo mais brilhante nos dogues alemães.

Preto: cor preta brilhante. Pode ter mancha branca no peito, dedos e ponta da cauda.

Arlequim: cor de fundo branco, com manchas pretas irregulares. Pequenas manchas cinzas ou amarronzadas são toleradas.

Mantado (boston): preto com o focinho, o pescoço, linha sobre a cabeça que liga o focinho ao pescoço, o peito, o ventre, as patas e a extremidade da cauda brancos. O mantado é, na verdade, uma variação do preto, pertecendo à variedade dos arlequins.

Merle (não reconhecida oficialmente): A pelagem tem o fundo cinza e manchas pretas. Esta cor não é reconhecida pela FCI, sendo considerada um falta eliminatória.

Os cruzamentos entre cães de variedades diferentes, incluido os dois tipos de negro, podem gerar cães de cores não reconhecidas.

Temperamento

O adulto é normalmente calmo, sendo muito amistoso com os conhecidos, porém desconfiado e por vezes agressivo para com os estranhos. Como foi também usado como cão boiadeiro no passado, é usado como cão de guarda com sucesso, protegendo os donos. Em casos de desvio de temperamento, podem ser demasiadamente medrosos.

Saúde

O estômago do dogue alemão é longo e sujeito à torção gástrica, que é uma das principais causas de morte da raça. É preferível evitar deixar grandes porções de comida à disposição do cão, as refeições devem ser moderadas e em horários determinados.

Pelo seu grande porte, é recomendado deixar ração e água em vasilhames na altura do pescoço do animal, para evitar problemas de postura e deformação das pernas dianteiras. A água deve ser trocada com freqüência devido à salivação excessiva.

Unhas excessivamente grandes podem provocar feridas nos dedos, o que deve ser observado para evitar infecções. É natural que o próprio animal procure lixá-las em pisos de concreto ou outras superfícies. O piso ideal para cães de grande porte é áspero, de forma que eles não escorreguem ou tenham que modificar a postura para se equilibrar, nesse caso causando o espalmamento das patas. Pisos ásperos também favorecem o desgaste natural das unhas, porém na cama ou local de descanso deve haver um pano ou superfície macia, para evitar a formação de calos, principalmente nos cotovelos, joelhos e quadril.

Os problemas ósseos podem ocorrer devido ao seu crescimento extremamente rápido, portanto é importante acompanhar cuidadosamente esse período, e em caso de suspeita de algum desvio de conformação ou de aprumo, procurar orientação de um veterinário.

 

HANYA ( no pedigree Dana da Ilha do Gererê) Adestramento de obdiência

 

O ASNO, O CAPIM E QUATRO RINS

No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:
-Quantos rins nós temos?
-Quatro! – Responde o aluno.
-Quatro? – Replica o professor, arrogante, daqueles que sentem prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos.

-Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala. – ordena o professor a seu auxiliar.
-E para mim um cafezinho! – Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.

O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era, entretanto, o humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o ‘Barão de Itararé’.

Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:

-O senhor me perguntou quantos rins ‘nós temos’.. ‘Nós’ temos quatro: dois meus e dois seus. ‘Nós’ é uma expressão usada para o plural.Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.

A vida exige muito mais compreensão do que conhecimento! Às vezes as pessoas, por terem um pouco a mais de conhecimento ou ‘acreditarem(ADOREI ESSA!)
que o tem, se acham no direito de subestimar os outros…

E haja capim!!!