NENHUMA SURPRESA NO DESEMPENHO DAS ESCOLAS PÚBLICAS NO ENEM 2010

O resultado divulgado do ENEM, embora profundamente decepcionante e entristecedor, não causa qualquer surpresa. A análise dos números publicados, prematuramente segundo a opinião de alguns integrantes do governo, permite se ver exatamente a situação do ensino público. Mas como poderíamos nos surpreender com esse resultado?

Trata-se na realidade da mais previsível expressão da realidade de sucessivos governos que abandonam a educação e a cultura, tratando-as como artigo de luxo reservado aos poucos que acumulam grande parte das riquezas. Também aí não há surpresa, pois sendo a educação e a cultura a única riqueza não tributável neste país, nada mais óbvio, e lamentável, que ela se concentre nos redutos que acumulam o poder econômico.

Para todo aquele que assistiu o discurso do nosso grande mandatário na cerimônia de lançamento da Copa de 2014, não passa despercebido o descaso com a própria língua, a cultura e a educação. Para todo aquele que conviveu aqui no Paraná, com um governador que por sete anos demonstrou nenhuma intimidade com as palavras mágicas, com licença, por favor e muito obrigado, não é surpresa que a educação tenha implodido diante de nossas instituições de ensino.

E quem sabe por nostalgia, tentei saber dos colégios que me formaram. O Colégio Estadual Júlia Wanderley, onde cursei o primário, ficou em gloriosa posição. Apenas 9.018 escolas ficaram com média superior a ele. Já o Colégio Estadual Rio Branco, que chegou a construir índices de aprovação em vestibulares superiores a alguns cursinhos, hoje amarga a 9.247ª posição dentre 27.253 escolas. Profunda tristeza. Mas não é tão ruim, diriam os retóricos, se analisarmos que o Positivo Ambiental ocupa a 1.731ª colocação, e ainda tem muita gente pagando por isso.

Então, na busca de encontrar alguma alegria, tento localizar o Paraná no quadro geral. E realmente o Paraná está acima da média. Aliás, de todos os estados acima da média, o Paraná está em último lugar. A última colocação de todos os estados do Sul e Sudeste. É o que nos resta após esses anos de descaso. Mas não é difícil que alguém na Secretaria de Educação venha a comemorar, afinal de contas, ficamos na frente de todo o Nordeste e até do Amazonas.